Olá, queridos leitores!
Após uma breve introdução sobre o movimento literário arcadista, que tal apronfundarmos o conteúdo um pouquinho mais a fim de construir um conhecimento mais consistente?
Primeiramente, há que se considerar o que estava acontecendo no mundo quando o movimento tomou corpo. Historicamente, o Arcadismo desenvolveu-se em meio às tensões do Antigo Regime, da Revolução Francesa e do Iluminismo, ou seja, um período de profundas mudanças no contexto histórico mundial, e opôs-se aos conflitos e exageros do movimento Barroco que o antecedeu. Teve, portanto, características reformistas e seu intuito era dar novos ares às artes, ao ensino, aos hábitos e atitudes da época, acompanhando o espírito de renovação que pairava naquele determinado momento histórico. O Absolutismo, que imperava até então, isto é, reis que gozavam de poderes absolutos, entrou em crise e começou a enfraquecer frente aos ideais renascentistas e iluministas que ganhavam força rapidamente.
O ser humano passou, então, a ser mais valorizado em sua essência, criando um tensão entre a simplicidade do homem e os luxos da nobreza, vida natural versus vida urbana, sendo que acreditava-se que esta última é que corrompia o homem. O Arcadismo, portanto, surge como uma arte que representa a valorização do homem e do natural, fruto das mudanças histórico-sociais e em consonância com os novos ideais que surgiram na época.
Assim, o Arcadismo, enquanto movimento que se opunha à vida nos centros do Antigo Regime e que primava pelas coisas simples, trouxe a ideia de uma vida livre, sem ninguém controlando as vontades e pensamentos do ser. O conceito de vida livre foi fortemente influenciada pelos ideais do famoso iluminista francês, Jean Jacques Rousseau, que dizia que a vida livre trazia o homem bom em sua essência, pois este seguia seus próprios princípios e regras. A civilização corrompia o homem, pois ele deixa de seguir seus princípios naturais, agindo de acordo com leis impostas.
Tem-se, então, que a arte arcadista buscava representar o natural, a vida nos campos, com a pobreza e o trabalho que valoriza o homem enquanto ser, trazendo felicidade e realizações pessoais. Assim, nada mais natural do que a temática da literatura arcadista se voltar ao universo pastoril e bucólico dos campos sob uma ótica cotidiana.
Podemos destacar, assim, as seguintes características principais do movimento arcadista:
Uma curiosidade: os termos em latim eram amplamente utilizados na época e estavam associados a um estilo de vida simples e bucólico.
Essa é a crítica a eles atribuída, pois essa contradição foi encarada como um fingimento poético e eles foram acusados de simularem sentimentos que, na prática, não existiam.
- Inspirou-se em modelos clássicos greco-latinos e renascentistas;
- Foi influenciado pela filosofia iluminista francesa;
- Ideia do bom selvagem, expressão criada pelo filósofo Jean-Jacques Rousseau: denota a pureza dos nativos da terra, faz menção à natureza e à busca pela vida simples, bucólica e pastoril;
- Revela a tensão de uma sociedade em transformação;
- Pastorialismo: poetas simples e humildes;
- Bucolismo: busca pelos valores da natureza;
- Nativismo: referências à terra e ao mundo natural;
- Espontaneidade dos sentimentos;
- Exaltação da natureza, da pureza, da ingenuidade e da beleza.
Uma curiosidade: os termos em latim eram amplamente utilizados na época e estavam associados a um estilo de vida simples e bucólico.
Carpe diem, uma das expressões mais famosas e que ainda continua em uso nos dias de hoje, especialmente em postagens de vibração super positivas em redes sociais, também se fez muito presente no contexto arcadista de então. Ao contrário do Barroco, que concebia o carpe diem sob uma perspectiva negativa, pensando na efemeridade da vida e no pecado que é gozá-la, o Arcadismo não se preocupava com o pecado, mas sim apenas desejava viver o momento com simplicidade, o que justifica sua linguagem simples e adaptada ao homem do campo.
Confira mais algumas expressões:
Inutilia truncat, ou "cortar o inútil", que refere-se aos excessos cometidos pelas obras do Barroco.
Fugere urbem: fugir da cidade.
Locus amoenus: lugar ameno, um refúgio do caos dos centros urbanos monárquicos.
Agora a pergunta que não quer calar:
Por que os árcades defendiam tanto a vida simples, campesina e bucólica, se eles mesmos eram todos burgueses inseridos em grandes centros urbanos?
Por hoje é só, pessoal! Fiquem agora com algumas belas imagens que representam o ideal arcadista.
Um abraço e até a próxima!
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