Nosso papo começa a partir de uma breve apresentação sobre o tema inspirador do blog, o Arcadismo. Mas antes disso, convidamos você, querido leitor, a degustar uma bela xícara de café com creme admirando a pintura arcadista que ornamenta a imagem de fundo do blog.
O termo arcadismo deriva de Arcádia, região da antiga Grécia, localizada na parte central do Peloponeso. Desde a antiguidade, Arcádia foi associada a uma região mítica, cujos habitantes entremeavam trabalho com poesia, cantando o paraíso rústico em que viviam como a terra da inocência e da felicidade. Na renascença, a palavra Arcádia assumiu conotação de um lugar ideal para se viver, sinônimo de equilíbrio e serenidade de espírito.
O Arcadismo, enquanto movimento literário que exalta a natureza e tudo o que lhe diz respeito, também chamado de Neoclassicismo e Setecentismo, surgiu na Europa no século XVIII na sequência da decadência do movimento Barroco, um período em que se vivenciou importantes transformações culturais e científicas. Derivou, pois, do espírito Iluminista, cujo objetivo era a recuperação dos gêneros, formas e técnicas clássicas. Associado à decadência do pensamento Barroco e ao surgimento dos valores burgueses, primou por uma poesia sem os excessos e contradições do Barroco.
Sua literatura consiste de uma produção artística mais simples e espontânea, expressando uma visão mais sensualista da existência e propondo uma volta à natureza que prioriza um contato maior com a vida simples do campo. Por isso que os poetas árcades recriam paisagens com pastores cantando e vivenciando uma vida saudável e simples tocando seu rebanho, característica esta denominada bucolismo, a principal da poesia árcade.
Para finalizar o post de hoje, fiquem com um poema de Cláudio Manuel da Costa, que ilustra muito bem o espírito arcadista:
“Se sou pobre pastor, se não governo
Reinos, nações, províncias, mundo, e gentes;
Se em frio, calma, e chuvas inclementes
Passo o verão, outono, estio, inverno;
Nem por isso trocara o abrigo terno
Desta choça, em que vivo, co’as enchentes
Dessa grande fortuna: assaz presentes
Tenho as paixões desse tormento eterno.”
Um abraço e até a próxima!